Crianças e adolescentes que passam muitas horas em uma mesma postura acabam sujeitos ao desenvolvimento de dor, e às vezes, alterações posturais que podem levar a desvios funcionais (leia mais sobre funcional x estrutural aqui). Entretanto, existe uma patologia que prevalece para esse grupo e merece atenção especial: a escoliose idiopática.
Por ser de origem desconhecida e com hipóteses relacionadas a fatores hormonais, neuromusculares e/ou genéticos, a Escoliose Idiopática tem sido investigada para poder ser esclarecida e facilitar uma boa conduta terapêutica. Essas escolioses são evolutivas, particularmente durante o período de crescimento e sua avaliação e tratamento devem ser o mais precoce possível (leia mais sobre diagnóstico aqui).
Atualmente, segundo Aulisa et al. (2019), a detecção precoce da escoliose é considerada um ponto chave para o tratamento. Publicações científicas recentes afirmam que um tratamento conservador correto pode reduzir a incidência e prevalência da cirurgia de escoliose.
Um local em comum frequentado por crianças e adolescentes é a escola. Assim sendo, a
implantação de programas de triagem nesse ambiente seria uma maneira de facilitar a identificação de deformidades corporais que sugiram a escoliose.
Desta forma, tornaria-se mais comum a detecção de curvas leves e reversíveis e o encaminhamento para tratamento conservador, evitando o desenvolvimento de deformidades mais graves com potencial de causar sintomas ao longo da vida ou necessitar de cirurgia corretiva.
Apesar de algumas discordâncias, a SOSORT chegou ao consenso, em 2017, que a triagem nas escolas é uma maneira viável e adequada na relação custo-benefício, principalmente para países que apresentam tamanha desigualdade socioeconômica, como o Brasil.
Se tratando de um assunto de saúde pública, a prevenção é fundamental, devendo ser incentivada tanto em escolas privadas quanto públicas.
Um dos principais métodos de triagem nas escolas é o teste de Adams, que, através do escoliômetro, detecta e mensura a rotação de tronco e possível diagnostico, confirmado após a avaliação médica e fisioterapêutica junto aos exames de imagens (radiografia).
A triagem é recurso preventivo que deve ser incentivado nas escolas sob condução de profissionais capacitados para avaliar deformidades posturais como a escoliose.
Referências
Alves ME, Marinho DA, Carneiro DN, et al. A Visual Scan Analysis Protocol for Postural Assessment at School in Young Students. Int J Environ Res Public Health. 2020;17(8):E2915.
Aulisa AG, Giordano M, Guzzanti V, Falciglia F, Pizzetti P, Toniolo RM. Effectiveness of school scoliosis screening and the importance of this method in measures to reduce morbidity in an Italian territory. J Pediatr Orthop B. 2019;28(3):271‐277.
Calvo-Muñoz, I.; Gómez-Conesa, A.; Sánchez-Meca, J. Prevalence of low back pain in children and adolescents: A meta-analysis. BMC Pediatr. 2013, 13, 14
Grivas TB, Wade MH, Negrini S, O'Brien JP, Maruyama T, Hawes MC, Rigo M, Weiss HR, Kotwicki T, Vasiliadis ES, Sulam LN, Neuhous T. SOSORT consensus paper: school screening for scoliosis. Where are we today? Scoliosis. 2007; 26;2:17.
Penha PJ, Ramos NLJP, de Carvalho BKG, Andrade RM, Schmitt ACB, João SMA. Prevalence of Adolescent Idiopathic Scoliosis in the State of São Paulo, Brazil. Spine (Phila Pa 1976). 2018;43(24):1710‐1718.
Souchard, Philippe. Deformaçoes morfologicas da coluna vertebral – tratamento fisioterápico em Reeducação Postural Global RPG. Editora Elsevier. 1ª edição, Rio de janeiro , 2016.
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